#SOBREVIVEMOSMG - Raimundo

“O vírus é uma realidade, não é uma invenção. Teremos que aprender a conviver com ele porque vai demorar passar.”

Com 102 anos de vida, 75 anos de casado e depois de ter sobrevivido à gripe espanhola, Raimundo Leonardo de Oliveira venceu a covid-19 juntamente com a esposa Nivercina Maria de Oliveira, de 92 anos. Os dois têm uma história de resistência que emociona quem convive com eles e enche de orgulho filhos, netos, bisnetos e tataranetos.

Por causa das limitações trazidas pela idade e também pelo novo coronavírus, quem detalha essa história são os netos Tatiana Cristina de Amorim e Amós Vieira Gonçalves. Eles contam que, desde que a pandemia começou no Brasil, a família protegeu ao máximo o casal de idosos, que mora em Ibatida, no Espírito Santo. Raimundo e Nivercina ficavam em casa, familiares e amigos restringiram as visitas.

“Em agosto, minha avó começou a se sentir mal, com diarreia, vômito e quadro febril”, conta Amós. Nivercina foi levada para o posto de saúde da cidade e encaminhada para uma unidade de saúde capixaba, onde ficou por 14 dias internada e testou positivo para a covi-19.

“Quando ela voltou para a casa, meu avô começou a apresentar sintomas. Teve quadro febril, diarreia e vômito. As pernas dele ficaram bambas e ele não conseguia andar. Foi levado para Manhuaçu, onde foi para a unidade municipal respiratória e, em seguida, para o Hospital César Leite”, conta Amós.

Amós é enfermeiro e coordenador do centro cirúrgico do Hospital César Leite. Ele conta que o médico achou melhor encaminhar Raimundo para a unidade hospitalar por causa da idade e, também, porque Nivercina tinha testado positivo para a covid. “Por precaução, ele já pediu a internação do meu avô na UTI, onde ele ficou por 10 dias e precisou do uso de oxigênio. Já no segundo dia de internação, ele não tinha febre”, comemora.

A maior dificuldade de Raimundo foi respiratória. Ele não precisou ser intubado e depois da UTI ficou mais 4 dias na enfermaria do hospital, totalizando em 15 dias de internação. A neta Tatiana conta que, quando o avô saiu, foi uma festa. Os profissionais de saúde levaram balões e cartazes em comemoração à sobrevivência de Raimundo.

Sequelas

Em 1918, quando Raimundo tinha 9 meses de vida, ele foi contaminado pela gripe espanhola. Segundo conta Amós, essa gripe lhe causou uma cicatriz no pulmão. “Agora, o médico viu, pela tomografia, algumas lesões na parede pulmonar causada pela covid, mas são pequenas sequelas que irão desaparecer”, afirma Amós.

No entanto, Nivercina teve sequelas mais graves por causa da covid-19, consideradas, segundo Amós, irreversíveis. “Ela tem que usar oxigênio continuamente. Às vezes, ela tem desorientação mental e chama pela própria mãe”, relata. Amós diz que a descrença da população em relação ao novo coronavírus aumenta o número de contaminados.

“O vírus é uma realidade, não é uma invenção. Teremos que aprender a conviver com ele porque vai demorar passar. Muitos assintomáticos estão levando para casa os sintomas e contaminando os idosos”, alerta, acrescentando que o uso as medidas de higiene e o isolamento social são as melhores formas de se prevenir.

© 2024 SES - Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Desenvolvido pela Assessoria de Comunicação Social.