Autor*: Vitor Yukio Ninomiya

Recentemente, as notícias sobre o tempo de vida do novo coronavírus ganharam muito espaço nas mídias. Mas, antes de fazer qualquer afirmação sobre essa informação polêmica, você já se perguntou de onde surgiu essa informação? Entenda como esse estudo foi feito, os seus resultados, e saiba o que podemos aprender com os resultados desse estudo científico publicado no periódico Virology Journal.

 

Qual o objetivo do estudo?

Desde o início da pandemia, o mundo inteiro tem direcionado seus esforços em conter a disseminação do vírus, principalmente por meio de medidas preventivas, uma vez que ainda não existe qualquer comprovação científica sobre a existência de um medicamento eficaz para o tratamento da covid-19. Sendo assim, certamente você já deve estar cansado de ouvir sobre as principais medidas preventivas: uso de máscaras faciais, higienização das mãos e de superfícies e o respeito ao distanciamento social.

Visando aprimorar o conhecimento sobre a transmissão do novo coronavírus, um estudo publicado na Virology Journal procurou entender melhor sobre o tempo de permanência desse vírus nas superfícies mais comuns do nosso dia a dia. Assim, reforçando a necessidade de prevenção por meio da higienização de superfícies e dos materiais comumente transportados e manuseados em nosso cotidiano, que podem transportar organismos contagiosos ou infectantes (também chamado de fômites).

 

Como esse estudo foi feito?

Para que o objetivo do estudo fosse alcançado, os pesquisadores selecionaram os principais materiais do nosso cotidiano. Dessa maneira, a escolha por cédulas de papel e de polímero buscou avaliar o tempo de vida no vírus nos potenciais fômites (objeto capaz de transportar o vírus entre as pessoas). O aço inoxidável escovado foi escolhido por ser o material presente em cozinhas, instalações públicas e por ser a superfície utilizada como padrão no teste de desinfetantes. O vidro, material muito presente em áreas públicas, em salas de espera de hospitais, vitrines de transporte público e de shoppings, telas de telefones e celulares, caixas eletrônicos e máquinas de auto-atendimento. Já o vinil, pela composição de mesas, pisos, alças de transporte público e protetores de celulares. Por fim, a escolha pelo tecido de algodão buscou avaliar a permanência do vírus em materiais porosos, como vestimentas, roupas de cama e tecidos domésticos.

Em seguida, as superfícies selecionadas foram devidamente esterilizadas para evitar contaminações e então colocadas em placas de petri (recipientes de vidro ou acrílico comumente utilizados em análises laboratoriais de amostras), em locais escuros e com 50% de umidade relativa. Então, foram inseridas as amostras padronizadas contendo o coronavírus, em concentração equivalente àquelas presentes nas secreções humanas contaminadas, nos materiais selecionadas. Por fim, as amostras foram analisadas em tempos específicos para se avaliar o tempo de vida do vírus em diferentes temperaturas (20ºC, 30ºC e 40ºC).

Abaixo, uma tabela indicando o resultado do estudo, evidenciando a capacidade do vírus de sobreviver até 28 dias, na maioria das superfícies, em temperatura ambiente de 20ºC.

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Quais são as informações presentes no estudo?

Diante dos resultados obtidos no estudo, pode-se verificar que o vírus apresenta boa resistência ao ambiente, sobrevivendo por até 28 dias em condições específicas. Fica evidente também que o controle do estudo também traz algumas informações em segundo plano, além do dos resultados mostrados na tabela.

O que fica mais evidente nesse estudo é a participação da temperatura como fator importante na sobrevivência do coronavírus, principalmente quando comparados os experimentos entre 30ºC e 40ºC em que houve uma queda acentuada.

A escolha por um ambiente escuro justifica-se pela retirada da interferência da luz solar sobre o novo coronavírus, pois já existem estudos que comprovam o efeito da luz ultravioleta na destruição ou na redução do tempo de vida do vírus

Além da temperatura e da luz solar, outro fator é a umidade do ar, que também pode interferir na sobrevivência do coronavírus, como também mostram alguns outros estudos referentes às variações climáticas.

 

E agora, o que fazer?

Primeiramente, devemos compreender a importância que os estudos científicos nos trazem sobre o novo coronavírus, que além de nos permitir um melhor conhecimento sobre o nosso inimigo, ainda criam medidas para nos proteger deles. Em segundo lugar, é muito importante não criar falsas conclusões e, muito menos, espalhar as “fake news”. Por isso, o conselho final, após o entendimento desse texto é: mantenha a prevenção sempre em dia, higienizando as mãos e as superfícies, agora com mais uma informação em mente: o novo coronavírus pode ficar por até 28 dias em uma superfície! Por isso, reforce a limpeza e desinfecção, higienize as mãos, utilize máscaras faciais, e respeite o distanciamento social!

 

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