Autores*: Marcela Tozzi, Mateus Jorge Nardelli, Gabriella Yuka Shiomatsu, Vitor Yukio Ninomiya, Ricardo Tadeu de Carvalho.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou situação de pandemia em 11 de março de 2020. Desde então, a covid-19 tem sido o principal assunto em todos os veículos de comunicação por todo o mundo. Sabe-se que essa doença é causada pelo vírus SARS-CoV-2, também conhecido como novo coronavírus. Ele pode causar uma condição bastante grave, chamada de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
Com a evolução das pesquisas, aprendemos cada vez mais sobre o perfil do novo coronavírus e a forma como ele age em nosso corpo, mas ainda há muito a ser descoberto. Nesse post, explicaremos sobre os efeitos no nosso organismo para que a covid-19 grave se manifeste, em que situações isso tem mais chance de ocorrer e como se prevenir.
Trata-se de um assunto de extrema importância. Então, não deixe de conferir esse post!
O que é a covid-19?
Apesar de a covid-19 poder causar, em grande parte, sintomas leves à moderados, complicações muito sérias também podem ocorrer. Assim, muitos dos pacientes podem ficar internados por vários dias ou até mesmo falecer por causa da covid-19.
Os dados do Ministério da Saúde contabilizam cerca de 2.227.514 de casos confirmados e mais de 82.771 mil óbitos pelo Brasil (23/07/2020). E esses números continuam crescendo! E vale lembrar que os indivíduos que fazem parte dos grupos de risco têm maior chance de desenvolver a forma grave da doença.
Qual é a forma grave da covid-19?
Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG): essa é a forma da covid-19 responsável por causar os óbitos e as internações hospitalares.
Os grupos de risco para SRAG e covid-19 grave são:
- doenças cardíacas descompensadas;
- insuficiência cardíaca mal controlada;
- doença cardíaca isquêmica descompensada;
- doença cardíaca congênita;
- doenças respiratórias descompensadas;
- DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) e asma mal controlados;
- doenças pulmonares intersticiais com complicações;
- Fibrose cística com infecções recorrentes;
- displasia broncopulmonar e com complicações;
- crianças com doença pulmonar crônica da prematuridade;
- doenças renais crônicas em estágio avançado (graus 3, 4 e 5);
- pacientes em diálise;
- imunossupressão ou Imunodepressão por doenças e/ou medicamentos (em vigência de quimioterapia/radioterapia, entre outros medicamentos);
- transplantados de órgãos sólidos e de medula óssea;
- portadores de doenças cromossômicas e com estados de fragilidade imunológica (ex.: Síndrome de Down);
- diabetes, especialmente descompensada (conforme juízo clínico);
- gestante de alto risco;
- doença hepática em estágio avançado;
- obesidade (IMC ≥ 40kg/m2);
Vale destacar que isso não quer dizer que essas pessoas terão SRAG sempre que tiverem covid-19, mas elas apresentam maior risco para desenvolver a forma grave da doença e, portanto, devem ser avaliadas com mais cautela por um médico.
Quais os sintomas de SRAG?
Segundo o protocolo de infecção humana pelo SARS-COV-2, uma pessoa que apresente a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) é aquele com Síndrome Gripal (SG) que apresente: dispneia/desconforto respiratório OU pressão persistente no tórax OU saturação de O2 menor que 95% em ar ambiente OU coloração azulada dos lábios ou rosto (cianose).
Em crianças: além dos itens anteriores, observar os batimentos de asa de nariz, tiragem intercostal, sinais de esforço respiratório, desidratação e inapetência (falta de apetite).
O que causa a Síndrome Respiratória Aguda Grave?
Em boa parte das pessoas, quando o vírus invade o organismo e começa a se multiplicar, nosso sistema de defesa contra organismos invasores, chamado de sistema imune, identifica o microorganismo invasor e se organiza na tentativa de combatê-lo.
Quando esse combate é eficaz, não ocorre manifestação dos sintomas da doença ou então se apresentam de forma leve e em poucos dias o indivíduo tende a se recuperar. Para realizar esse combate, o sistema imune produz substâncias chamadas de citocinas inflamatórias, que auxiliam no enfrentamento do vírus. Estudos demonstram que uma possível causa para a covid-19 grave seja o descontrole na produção dessas substâncias.
A produção exagerada dessas citocinas inflamatórias gera o que é chamado de tempestade inflamatória ou tempestade de citocinas. Assim, aquela inflamação fica muito mais intensa do que o saudável para combater o vírus, o que deveria eliminar o vírus acaba prejudicando bastante o indivíduo. Também chamamos isso de “hiper-inflamação”
Essa resposta inadequada do corpo à presença do vírus traz os seguintes resultados:
- alteração e lesão dos vasos sanguíneos, deixando o sangue mais predisposto a formação de trombose. Isso pode causar uma falha no funcionamento de vários órgãos, como o pulmão;
- para oxigenar o sangue, o ar precisa entrar profundamente no pulmão em uma região chamada de alvéolos. Na SRAG, a inflamação excessiva causa um acúmulo de líquidos que impede uma boa oxigenação;
- pode ocorrer um inchaço do pulmão, o que impede que ele se expanda adequadamente na hora que respiramos o ar.
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Tudo isso pode fazer com que o pulmão não funcione bem e o sangue não leve oxigênio para os órgãos. Por isso, o paciente com covid-19 grave pode precisar da ajuda de aparelhos para respirar — os famosos respiradores. Caso o tratamento não funcione, pode ocorrer a morte.
Ainda não se sabe exatamente o que determina a ocorrência dessa hiper-inflamação, mas estudos indicam que os indivíduos pertencentes aos grupos de risco para a covid-19 parecem estar mais predispostos a sua ocorrência.
E como é feito o tratamento dos casos graves?
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Apesar de ainda não haver um tratamento específico no combate à covid-19, pacientes que apresentem Síndrome Respiratória Aguda Grave possuem indicação de:
- oxigenioterapia com O2 cateter nasal, em caso de falta de ar ou saturação de oxigênio inferior a 95%, com possível intubação orotraqueal, caso haja necessidade;
- fluidoterapia em casos de choque;
- tratamento sintomático para febre e dor;
- uso de corticoides.
Dessa forma, percebe-se que a melhor solução no combate à covid-19 é a sua prevenção: distanciamento social, uso de máscaras, higienização das mãos, superfícies e alimentos, e, se possível, ficar em casa. Assim, evitamos a superlotação dos hospitais e garantimos que aqueles que necessitem de cuidados mais especializados, tenham esse cuidado disponível.
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*Este post foi escrito pelos alunos da Faculdade de Medicina da UFMG pela parceria da SES-MG com o projeto Adote sua Vizinhança em Tempos de covid-19.
Este texto foi redigido conforme as evidências disponíveis até 23/07/2020.