Autores*: Mariana Rodrigues, Gabriella Yuka Shiomatsu, Vitor Yukio Ninomiya, Ricardo Tadeu de Carvalho.

Os testes laboratoriais são essenciais para o diagnóstico, acompanhamento e verificação da disseminação dos casos de covid-19. No entanto, os testes devem respeitar critérios muito bem estabelecidos pela vigilância epidemiológica. Sendo, assim, possível utilizar de forma mais estratégica os recursos diagnósticos disponíveis, de acordo com a demanda prioritária dos grupos de risco e as populações mais vulneráveis à infecção.

Quer entender melhor? Então, leia nosso post até o final!

Como funciona a testagem para covid-19?

Vários fatores podem interferir nas indicações e nos resultados de um teste para diagnóstico, como:

  • características do método utilizado;
  • tempo entre o início dos sintomas e a coleta do exame;
  • quantidade de vírus no organismo;
  • resposta imunológica do indivíduo;
  • uso de medicamentos etc.

Sem critérios adequados, há um risco de os resultados do teste não representarem a realidade do paciente. Assim, ocorrem os:

  • falso-positivos, quando o teste dá positivo, mas o indivíduo não está infectado;
  • falso-negativos, quando o teste dá negativo, mas o indivíduo está infectado.

Por isso, ao fazer um teste para o novo coronavírus, consultar um profissional da saúde é essencial para que a investigação seja feita corretamente. Afinal, um teste é um resultado laboratorial que exige interpretação e responsabilidade técnica adequadas.

Fotografia de uma cientista de costas em um laboratório trabalhando em uma bancada e analisando testes para covid-19 em Minas Gerais.

Como são feitos os testes para covid-19 em Minas Gerais?

RT-PCR

Inicialmente, precisamos entender as principais diferenças entre os testes disponíveis. O RT-PCR detecta o RNA viral e é considerado “padrão-ouro” para diagnóstico, com elevada confiabilidade diagnóstica na detecção do novo coronavírus. É realizado em unidades hospitalares, por meio de coleta de amostra por swab (um cotonete longo e estéril para a coleta de exames microbiológicos) nasal e nasofaríngeo (região da garganta atrás da área interna do nariz), preferencialmente entre o terceiro até o sétimo dia de início dos sintomas, período em que o paciente possui grande quantidade do vírus. Falsos negativos podem ocorrer em caso de coleta precoce ou muito tardia, além de erros na coleta.

Materiais para a coleta do swab nasofaríngeo

Em Minas Gerais, a testagem com RT-PCR é indicada nos seguintes casos:

SITUAÇÕES COM INDICAÇÃO PARA COLETA DE AMOSTRA (RT-PCR)
 Amostras provenientes de unidades sentinelas de Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)
TODOS os casos de SRAG hospitalizados
TODOS os óbitos suspeitos
Profissionais de saúde sintomáticos
 Profissionais de segurança pública sintomáticos
 Por amostragem representativa (mínimo de 10% dos casos ou 3 coletas), nos surtos de SG em locais fechados (ex: asilos, hospitais, etc.)
Público privado de liberdade e adolescentes em cumprimento de medida restritiva ou privativa de liberdade, ambos sintomáticos
Idosos com idade igual ou superior a 60 anos, sintomáticos
Pacientes com comorbidades, sintomáticos;
Populações ou grupos sociais de alta vulnerabilidade (indígenas, quilombolas, ciganos, circenses e população em condições de rua), sintomáticos

Testes rápidos

Os testes rápidos são testes sorológicos que detectam anticorpos (IgM e/ou IgG) e, assim, verificam a resposta imunológica que o organismo produz em contato com o vírus. Os anticorpos IgM podem ser detectados a partir do 8º dia e IgG com cerca de 14 dias do início dos sintomas.

Tubo com amostra de sangue para teste de coronavírus

O teste sorológico pode ser realizado em amostra de sangue (capilar ou venoso), soro ou plasma. No caso do teste rápido, o resultado é fornecido em cerca de 15 minutos. Está indicado para indivíduos sintomáticos a partir do 8º dia de sintomas. A nota técnica COES (Centro de Operações de Emergência em Saúde) Minas covid-19 nº 47/202 propõe a indicação na seguinte ordem de prioridade: 

RECOMENDAÇÕES SOBRE GRUPOS PRIORITÁRIOS PARA UTILIZAÇÃO DE TESTES RÁPIDOS
Profissionais dos serviços de saúde e da segurança pública em atividade, tanto na assistência quanto na gestão;
Pessoas que residem no mesmo domicílio de um profissional de serviços de saúde ou segurança pública sintomático e em atividade;
Idosos com idade igual ou superior a 60 anos;
Pacientes com comorbidades e/ou condições médicas subjacentes que podem estar em maior risco para complicações da COVID-19 (Quadro 1);
População economicamente ativa (indivíduos com idade entre 15 e 59 anos);
Óbitos suspeitos de COVID-19;


O teste deve ser analisado junto às características clínico-epidemiológicas, isto é, sinais, sintomas, histórico de contato com caso suspeito ou confirmado, entre outros. Devemos enfatizar que um resultado negativo não descarta automaticamente o diagnóstico. O profissional de saúde vai analisar todo o contexto para tomar a melhor conduta.

É importante destacar que a covid-19 é uma doença nova e, por isso, as informações a seu respeito são extremamente dinâmicas e as orientações são adicionadas a cada evolução nas pesquisas científicas. Por isso, fique sempre atento!

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*Este post foi escrito pelos alunos da Faculdade de Medicina da UFMG pela parceria da SES-MG com o projeto Adote sua Vizinhança em Tempos de covid-19.

Este texto foi redigido conforme as evidências disponíveis até 22/07/2020.

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