Autor*: Pedro Otávio Oliveira Santos
Em julho de 2021, o Ministério da Saúde do Brasil tomou iniciativa para que, juntamente com a Universidade de Oxford, a eficácia da terceira dose da vacina contra o coronavírus fosse testada na população brasileira. Basicamente, as pessoas que já tiverem tomado duas doses de algum dos imunizantes, irão receber uma terceira dose (como um reforço), e estudos serão realizados para avaliar esta estratégia.
Além disso, esses estudos querem ainda avaliar se a terceira dose a ser recebida pelos pacientes pode ser com uma vacina de outra farmacêutica, ou seja, se ela poderia ser da Pfizer, Coronavac, Janssen ou Astrazeneca, mesmo se as duas primeiras não forem da farmacêutica em questão
Quer entender mais sobre como funciona a terceira dose da vacina contra a covid-19 e a sua importância? Leia o nosso post a seguir!
A IMPORTÂNCIA DA 3ª DOSE
A necessidade de se testar a possibilidade da terceira dose da vacina contra covid-19 trazer maior proteção contra a doença, se comparada com o esquema atual de duas vacinações (ou uma, no caso da vacina da Janssen), vem da chance de as novas variantes que surgiram trazerem o risco de novas ondas de infecção, mesmo em pessoas vacinadas com o esquema atual. É normal que a proteção inicial de uma vacina caia com o tempo, o que ainda está sendo estudado é se esta queda é suficiente para trazer novos risco para a população já vacinada.
A variante delta do coronavírus é capaz de escapar de todas as vacinas disponíveis quando elas ainda estão na primeira dose. E na população dos idosos, mesmo o uso de duas doses não confere uma proteção adequada contra esta nova variante, em parte pela capacidade do vírus de enganar o nosso sistema de defesa, e em parte pelo fato do sistema imunológico do idoso sustentar uma boa defesa por um tempo menor do que uma pessoa mais jovem.
Alguns países já começaram a planejar esta terceira etapa de vacinação para que estudos possam avaliar a maior eficácia, ou não, do uso da terceira dose. Outros países já inclusive começaram esta prática que vêm sendo proposta também no Brasil; dentre os países que já estão em andamento com a terceira dose podemos citar Israel, Hungria e Chile.
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De modo geral, os países que começaram a planejar esta nova campanha vacinal estão ainda divergindo quanto ao tempo de espera que deve existir entre a 2º dose e a aplicação da 3ª dose. O tempo tem variado em média de três a oito meses, sendo que no Brasil, os estudos estão sendo desenhados de tal modo que a terceira dose seja aplicada apenas naquelas pessoas que já possuem as duas doses prévias e que a última dose tenha sido aplicada há seis meses.
QUANDO COMEÇARÁ NO BRASIL ?
No Brasil, as expectativas desta dose adicional estão indicando que a campanha irá iniciar já no mês de setembro de 2021. Em São Paulo, onde a vacinação vai começar, a vacina vai ser aplicada primeiramente na população de idosos acima dos 60 anos de idade. A ideia de começar por esta parcela da população é justificada pelo fato de os números atuais indicarem que são os idosos que mais têm aumentado o número de internações por covid-19, incluindo aqueles já vacinados.
O Ministério da Saúde tem a intenção de que a vacinação seja realizada principalmente com as vacinas que possuem a tecnologia de RNA mensageiro, como é o caso da vacina da Pfizer. Mas, na ausência desta vacina em alguns cenários, o uso da Astrazeneca ou da Janssen poderão substituí-la. O início da vacinação nacional com a terceira dose no mês de setembro se tornou possível pois os indicadores de aplicação vacinal indicam que neste mês toda a população acima de 18 anos já terá recebido ao menos a primeira dose de alguma das vacinas.
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COMO FUNCIONA A 3ª DOSE ?
Basicamente, ao sermos vacinados por qualquer vacina, o nosso organismo cria células de defesa ao serem estimulados pelos compostos vacinais. Essas células de defesa podem ser tanto aquelas criadas rapidamente para nos proteger, quanto aquelas que geram uma espécie de memória no nosso corpo, nos permitindo reconhecer a infecção toda vez que o microrganismo entrar em contato conosco.
O problema é que, como vimos anteriormente, essas células de “memória” vão caindo de número com o tempo, principalmente nas pessoas mais idosas ou naquelas mais imunocomprometidas. E é para isso que as vacinas de reforço servem, para aumentar o número da população das células de memória e para permitir que os anticorpos que elas produzem para nos proteger sejam mais fortes ainda do que eram anteriormente.
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E A VIDA APÓS A 3ª DOSE ?
É fato que vários estudos têm demonstrado a importância e os benefícios da aplicação de uma terceira dose da vacina, como vimos até aqui. Mas, de forma nenhuma, esta nova estratégia vem como uma solução final para a pandemia em que nos encontramos. O uso de três doses tem o principal objetivo de diminuir a quantidade de casos graves e o número de hospitalizações por covid-19, e não de fato ser a cura para esta infecção.
A necessidade de manutenção das ações contra o coronavírus, como o uso de máscaras em locais públicos e com outras pessoas, evitar aglomerações e higienizar sempre que possível as mãos evitando tocar nos olhos, boca e nariz, vai ser mais necessária do que nunca! Isso porque o uso de uma dose adicional pode trazer a falsa sensação de segurança, gerada por uma interpretação inadequada do objetivo da aplicação desta vacina. Portanto, não devemos baixar nossa guarda, ainda precisamos muito deste comportamento coletivo de empatia e de proteção pessoal e ao próximo.
Referências
- https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2021-08/covid-19-sp-aplica-terceira-dose-em-idosos-partir-de-setembro
- https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/ministerio-da-saude-anuncia-dose-de-reforco-para-vacinacao-contra-a-covid-19-na-segunda-quinzena-de-setembro
- https://www.bbc.com/portuguese/internacional-58276202
- https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2021/nota-anvisa-aplicacao-de-terceira-dose-ou-dose-de-reforco
- https://www.jnj.com/johnson-johnson-announces-data-to-support-boosting-its-single-shot-covid-19-vaccine
- https://www.unicamp.br/unicamp/ju/artigos/luiz-carlos-dias/terceira-dose-da-vacina-contra-covid-19-ja-e-realidade-no-brasil