Autor*: Vitor Yukio Ninomiya
Entre as 14 vacinas aprovadas no mundo contra a COVID-19, chegou ao ao Brasil, em meados de abril, um milhão de doses do terceiro imunizante aprovado pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Ao todo, serão entregues 100 milhões de doses da vacina “Comirnaty” produzida pela farmacêutica norte-americana Pfizer, em parceria com o laboratório de biotecnologia alemã BioNTech.
Acompanhe aqui as principais informações sobre o nosso mais novo aliado na prevenção contra a COVID-19!
Segurança e eficácia da vacina
Assim como a Coronavac e o imunizante da AstraZeneca/Oxford, a vacina da Pfizer-BioNTech também foi aprovada pela ANVISA e, portanto, apresenta resultados favoráveis quanto a sua eficácia na imunização contra a COVID-19, sem oferecer riscos à saúde pela sua comprovada segurança na aplicação.
Quando falamos na seguraça de uma vacina, o objetivo é garantir que a vacina não traga riscos à saúde. Por isso, a segurança da vacina é avaliada durante toda a fase clínica do estudo, principalmente em sua primeira fase, onde o número de participantes é reduzido.
De acordo com os estudos publicados pela Pfizer-BioNTech sobre a vacina "Comirnaty", verificou-se uma eficácia de 95% na prevenção contra a COVID-19, após a aplicação das duas doses. Além disso, um outro dado importante é o seu potencial em reduzir o número de internações hospitalares, visto que, assim como a Coronavac e AstraZeneca/Oxford, também mostrou-se capaz de reduzir significativamente o número de internações hospitalares ao reduzir a probabilidade de evoluir para quadros moderados e graves da doença.
A eficácia da vacina indica a capacidade do imunizante em conferir proteção imunológica a um determinado agente, no caso, o vírus SARS-CoV-2. O termo é utilizado quando falamos da fase 3 dos ensaios clínicos, ou seja, para fazer referência ao percentual de pessoas vacinadas, nas condições controladas do estudo, que adquiriram imunidade ao vírus.
Como a vacina da Pfizer atua no organismo?
Diferentemente da Coronavac, que utiliza o vírus inativado em sua composição, e do imunizante da AstraZeneca/Oxford, que utiliza o chamado “vetor viral”, a vacina da Pfizer/BioNtech utiliza outra biotecnologia: o mRNA (RNA mensageiro).
Relembre aqui como a Coronavac e o imunizante da AstraZeneca/Oxford atuam no organismo.
Você se lembra? O coronavírus recebeu esse nome devido a presença de proteínas (“spike”) em sua superfície, que o envolvem dando um aspecto de coroa.
O RNA mensageiro é o nome dado a um conjunto de material genético (semelhante ao nosso DNA) responsável por informar (“mensageiro”) ao corpo como e quais proteínas devem ser produzidas pelo nosso organismo. Ou seja, todas as proteínas presentes no nosso corpo receberam, em algum momento de seu desenvolvimento, uma “mensagem” contendo um código para que o organismo traduzisse para a produção de uma proteína específica. Partindo desse conceito, os pesquisadores desenvolveram uma vacina contendo uma quantidade suficiente de “mensagens” para que o nosso corpo seja capaz de produzir as proteínas “spike”, responsável por formar a coroa do coronavírus.
Além da vantagem de informar diretamente o organismo para a produção dessas proteínas “spike”, a vacina também garante que não existe a menor possibilidade de causar a própria COVID-19, pois ela não contém o vírus, nem mesmo em sua forma atenuada. Apenas o material genético específico (RNA mensageiro) para a produção da proteína que é injetado pela vacina.
Assim, ao estimular a produção dessas proteínas “spike”, o sistema imunológico passará a produzir anticorpos que, ao reconhecer tais proteínas, conseguem ativar uma resposta imune que resultará na destruição do coronavírus. Assim, ao ser exposto ao vírus, após a imunização completa (duas doses e tempo adequado após a segunda dose), o corpo reconhecerá essa proteína e então saberá como combatê-lo de maneira eficaz.
Você sabia? A vacina da Pfizer-BioNTech, utilizada em 90 países, é o segundo imunizante mais aplicado em todo o mundo, estando atrás somente da vacina da AstraZeneca/Oxford.
Orientaçõs sobre a nova vacina
Quais são as indicações da vacina?
A Comirnaty está indicada para toda a população, a partir dos 18 (dezesseis) anos, para prevenir a doença COVID-19 provocada pelo vírus SARS-CoV-2.
Quando não devo vacinar?
- Pessoas com hipersensibilidade a algum de seus componentes;
- Pessoas em imunossupressão;
- Pessoas em tratamento contra o câncer;
- Pessoas com febre ou com alguma doença em atividade;
- Recomendação: cura ou estabilização da doença em atividade antes de receber a vacina.
- Pessoas com infecção ativa da COVID-19 (Resultado positivo pelo RT-PCR);
- Recomendação (casos leves ou moderados): após a resolução da fase aguda da doença, deve-se aguardar o isolamento doméstico, além de um intervalo de 30 dias antes de receber a vacina;
- Recomendação (casos moderados ou graves, que exigem internação hospitalar): seguir as recomendações após a alta-hospitalar.
Quais são os possíveis efeitos adversos da vacina?
- Reações muito comuns (10%): dor e inchaço no local de injeção, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, calafrios e febre.
- Reações comuns (entre 1% a 10%): vermelhidão no local de injeção e náusea.
- Reações incomuns (entre 0,1 a 1%): sensação de mal estar, dor nos membros, insônia e coceira no local de injeção.
- Outras (raras, muito raras, desconhecidas): reação alérgica grave (anafilaxia), hipersensibilidade, diarreia, vômito, dor nas extremidades.
Quais o intervalo entre as doses?
O Ministério da Saúde (Brasil) recomenda um intervalo de 12 semanas.
Quanto tempo, após a segunda dose, estou imunizado(a)?
Após a 2ª dose, deve-se aguardar pelo menos 7 (sete) dias para estar imunizado(a).
A vacina e a eficácia contra as variantes
A vacina da Pfizer-BioNTech também é eficaz contra as variantes do coronavírus?
Primeiramente, é importante ter conhecimento de que já existem mais de mil variantes do coronavírus registradas em todo o mundo, mas apenas três delas são as mais divulgadas, as chamadas VOC (Variant of concern - “variante de preocupação”): B.1.351 (África do Sul), B.1.1.7 (Reino Unido) e a P.1 (Manaus, Brasil).
Apesar de alguns estudos indicarem, em periódicos como a New England Journal of Medicine e Nature, para uma eficácia suficiente às principais variantes, já se observa uma redução da eficácia, sobretudo em relação à P1.
Após receber a vacina, estou completamente imune à COVID-19?
Infelizmente, essa pergunta ainda persiste no mundo todo e, por conta disso, não devemos deixar de manter os cuidados habituais de prevenção (máscara, higienização das mãos com álcool em gel ou água e sabão, desinfecção de superfícies e distanciamento social). Dentre os diversos fatores que impossibilitam que façamos qualquer afirmação sobre a persistência dessa imunidade, vale a pena destacar a principal delas: as vacinas são altamente específicas à doença, ou seja, a cada nova mutação do coronavírus, novos estudos devem ser iniciados para a verificação da eficácia do imunizante sobre a nova variante. Sendo assim, a cada nova mutação, há um novo risco de desenvolver a doença, até mesmo de maneira mais grave e até letal, mesmo estando vacinado.
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